sábado, 26 de junho de 2010

A ROMARIA!

Bom começo dizendo que em busca de votos, os candidatos submetem aos interesses e prioridades de comunidades religiosas. Digo que hóstias, cânticos, defumações, o candidato ou candidata, abaixa a cabeça e se deixa abençoar pelo padre, pelo pastor, pelo babalaô, e segue, em dor de santidade, para o seu próximo compromisso de campanha. De repente uma passeata gay, quem sabe; um evento pela diminuição da carga tributária ou então um encontro com profissionais da saúde pública. Questões como o aborto ou a distribuição de camisinhas serão lembradas; as exorciza o candidato que comunga, bate no peito e calça as sandálias da humildade, para arrastá-las lepidamente, dia depois, num forró em Pernambuco ou numa escola de samba carioca. Falo que tanta versatilidade por parte dos políticos até que se reverte de um aspecto positivo, acentua o espírito de tolerância ecumenismo que tem sido um patrimônio importante da cultura brasileira. Entretanto, na medida em que os candidatos multiplicam suas peregrinações a locais de culto, vão ficando visíveis os sinais de um processo mais complexo e, em certa medida, preocupante. Em primeiro lugar, trata-se de crescente desprestigio da atividade política enquanto tais comícios, discursos e plataformas programáticas já não atraem e nem convencem. Digo que se inventou o “Showmício” o candidato entra em cena, a tiracolo de uma dupla sertaneja ou de alguma rainha de AXÈ, acena para a multidão e em caso de indiferença o aparato sonoro estava pronto a incutir em milhões de decibéis, o entusiasmo no coração dos cidadãos. Falo que foram proibidos pela legislação, os “showmícios”. OK? Mas retornaram pela porta dos fundos ou da sacristia, ok? Como os eventos musicais já não podem ser alugados para o Marketing, o religioso serve para oferecer aos candidatos o palanque, e a platéia dócil de que precisam. O estratagema tem um preço, e aqui se localiza o mais nocivo aspecto da questão. Assim como a busca por mais espaço no horário gratuito da TV, leva os candidatos a um jogo invertebrado de alianças partidárias, a esperança de fazer do altar um palanque, e dos templos, currais eleitorais, vem submeter a esfera civil ao confessionalismo religioso, quando não aos interesses inconfessáveis que, por vezes, a este, só associam. Concluo que a política terá o candidato no campo das concessões de rádio e TV? Aceitará manter as isenções fiscais de que se nutrem os cultos de todo tipo? Com que tipo de preconceitos pactua, quando se submete à romaria. Digo que a nobre candidata Marina Silva ao menos tem sido clara em suas atitudes. É evangélica, perde ou ganha votos com isso, já se confundiu sobre a questão do ensino do criacionismo nas escolas, e é contra o casamento gay. Minha reflexão, é que se respeitem suas posições; mas é a religião, no que tem de acrítico e de moroso, falando mais alto, de que a modernidade republicana. Defino dizendo que quanto a José Serra e Dilma Rousseff, a religião não fala, mas impõe-lhes os silêncio, em troca de votos. Descaracterizam-se, desconversam, dizem amém, e oferecem a quem quiser acreditar o espetáculo regressivo e a bem dizer ridículo da cordura e da compunção. OK. PENSEM NISSO!!!!



Adalberto E. S. Alves – professor e pedagogo – 26 de junho de 2010.

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